1. Que seja retirada a terra em excesso (que calculo em, no mínimo, cerca de 50% dos 600 m3 que foram depositados) e, com ela, naturalmente, o prado.
Não será demasiado complicado retirar manualmente, com acompanhamento arqueológico, a terra em excesso, numa área de cerca de 0,5 m em volta de cada menir. Até porque não se trata de camada arqueológica e, uma vez que se presume que, junto aos menires, não houve ripagem, será fácil definir o que retirar e o que deixar.
Entre os menires, por outro lado, não vemos problema em que a terra em excesso seja retirada mecanicamente, até uma profundidade de 10-15 cm, por forma a "nivelar " minimamente o espaço, em função da base dos menires.
Os cerca de 300 m3 de terra a retirar devem, a nosso ver, ser usados para compensar a erosão, na periferia do recinto, com óbvias vantagens, em termos económicos.
Esse trabalho deve ser feito no início do Verão, para garantir a compactação pelos visitantes, antecedida, naturalmente, por uma compactação mecânica com cilindro de pequeno porte.
2. Que se encontre uma forma de negociar com os proprietários o alargamento da área em volta dos Almendres, para, no mínimo, 10 ha. Revendo o Contrato de Comodato, ou alugando, ou permutando ou, no limite, expropriando.
Seria, cremos, a melhor forma de restituir dignidade ao monumento, e contribuir para que quem o visita desfrute de uma experiência muito especial, numa paisagem tão natural quanto possível, sem cercas, nem passadiços.
3. Que o modelo de visitação a implementar, seja qual for, não impeça nem condicione o acesso dos visitantes ao interior do monumento. Nem o monumento é frágil, nem os visitantes são vândalos. Porém, sugerimos que, junto ao Parking, em vez de um cartaz discreto como o que existe, se chame a atenção dos visitantes para atitudes respeitosas, como seja, não acampar, não fazer fogueiras, não subir às pedras, com um cartaz mais visível. Também nada temos a opor à existência de guardas ou câmaras de vigilância, apesar de, em décadas de visitação intensa aos Almendres não ter havido vandalismos notórios...
Porém, os visitantes não são só os turistas. A meu ver, os Almendres deviam ser encarados, em primeiro lugar, como um recurso público para as muitas pessoas da cidade e não só, que, como nós, de vez em quando, gostam de ir aos Almendres, como vão ao Alto de São Bento, ao Jardim Público ou ao Ventoso...
Neste sentido, ao lado (ou acima) da dimensão turística (e do interesse económico que representa), um sítio como os Almendres pode e, a nosso ver, deve, ser usado para eventos culturais, de diversos tipos, desde que respeitem as normas básicas da visitação, dirigidos, em primeiro lugar, aos eborenses e "eborígenes"...
4. Desde que garantida (dentro do razoável) a preservação do Monumento, o principal objetivo do modelo de gestão que vier a ser implementado, deve ser a qualidade da experiência que o monumento proporciona aos visitantes. O afastamento das cercas para uma distância razoável e a "reconciliação" dos Almendres com a paisagem envolvente (que poderia beneficiar de um projeto de recuperação da biodiversidade contemporânea do uso do recinto), assim como o respeito pela autenticidade do monumento, são fundamentais.
Porém, convém pensar também na dimensão económica e, sobretudo, nos benefícios que a visitação dos Almendres pode trazer para a aldeia de Guadalupe. Atualmente, para além da loja do Centro Interpretativo (que também efetua visitas guiadas), os restaurantes e cafés da aldeia são os mais diretos beneficiários. Num caso e noutro, quanto mais turistas visitarem os Almendres, melhor.