Nos terrenos à volta do recinto, foi feita, há cerca de 100 anos, uma gigantesca ação de despedrega (limpeza de pedras), (cujos maroiços - cairns- são observáveis em toda a área envolvente; uma parte deles está hoje ocupada por pequenos bosquetes), possivelmente relacionada com a plantação do sobreiral que se estende entre o cromeleque e o Monte dos Almendres e do olival junto ao recinto.
As lavouras que, regularmente, acompanham a gestão do montado tradicional (prática que se prolonga até ao presente) têm vindo, há largas décadas, a provocar uma erosão acentuada dos terrenos em volta do recinto. O obstáculo à passagem dos tratores (ou, antes deles, das juntas de bois), constituído pela presença dos menires, poupou a área do recinto a essa ação erosiva, possivelmente mesmo antes da "descoberta" oficial, por Henrique Leonor Pina.
Porém, sobretudo no lado Sul, o espaço reduzido entre os menires e o afloramento/maroiço quase adjacente, não tem condições para que as lavouras sejam feitas paralelas às curvas de nível, o que, tendo em conta a inclinação do terreno, acelera notoriamente a erosão.
Efeitos da erosão nas áreas lavradas, junto a um afloramento/maroiço (cairn), muito próximo do cromeleque, do lado Sul.
A "reposição dos solos" agora posta em prática (+25 cm), acrescida da altura do prado, para além de reduzir visualmente os menires, acentua drasticamente esse efeito, como se os menires tivessem sido implantados numa plataforma elevada, com um talude a toda a volta...
CONCLUSÃO
Os 600 m3 de terra, que foram despejados no interior do recinto, deviam ter sido despejados, na sua maior parte, no exterior, para compensar os notórios efeitos erosivos das lavouras.
Com isso, aproximávamos o monumento daquilo que seria a sua forma original, em termos de inserção paisagística, e reduzíamos o risco de erosão, nos limites da plataforma sobreelevada, que formam praticamente um talude contínuo; os menires pequenos no lado SE ou os grandes, nos lados W e SW, adjacentes a esses taludes, eram aqueles que aparentemente mais corriam o risco de serem "descalçados" pela erosão.
A erosão provocada pelo pisoteio, no interior do recinto, perfeitamente determinável, quantitativamente, pelos critérios já enunciados (o topo das pedras de calce e/ou das "ilhas" que envolvem os menires, entre outros) foi claramente muito menor do que aquela provocada pelas lavouras.
Aqui, entram algumas notas sobre a geologia do local.
Para avaliarmos os verdadeiros efeitos do pisoteamento e da consequente erosão, convém saber que o substrato geológico é de gnaisse, com uma cobertura de solo pouco espessa. Esse substrato foi identificado e referido nos vários relatórios de escavação, mas, mais simplesmente, podemos observá-lo ao longo do caminho entre o recinto e o parque de estacionamento. A superfície da rocha é relativamente friável, mas constitui um obstáculo ao ravinamento em profundidade.
Por outro lado, na avaliação dos riscos de erosão, devido ao excessivo pisoteamento, não parece ter sido levado em contra o efeito da compactação que contraria, até certo ponto, a erosão. Para termos uma ideia do que se passa nos Almendres basta olhar para os caminhos antigos, por norma desprovidos de coberto vegetal e trilhados por carroças, muares ferrados...em terrenos comparáveis... mas onde os efeitos da erosão são geralmente modestos.
Mas, havendo erosão entre os menires, não havia o risco de os menires caírem?